terça-feira, 10 de maio de 2011

permanências

Degustaram a sobremesa envolvidos num silêncio equilibrado entre a esperança e o sossego; como nos velhos tempos, bastavam-se, e compreendiam-se, e distraíam-se, apenas. Ao fim da refeição, sabiam ambos, a mais significativa das intimidades já fora resgatada, e nem todas as famílias, conversas e cidades, e nem todos os dias, luas e passados conseguiriam explicar a facilidade da restauração. Para Nina, Tom soava menos selvagem, menos seguro, muito mais delicado, e era bom encontrá-lo assim. Menos dramático; mais atencioso e verdadeiro. A Tom, Nina parecia mais madura, mais calma, muito menos convicta, novos contornos capazes de aproximá-los ainda mais, como testemunhas da vida um do outro, do que quiseram ser e não conseguiram, do que desejaram ter e não encontraram à venda, do que sonharam se transformar e enfim tiveram coragem para se tornar. Já não possuíam qualquer dúvida sobre o próximo encontro, seria o mais breve possível, como escancarou o convite: almoçariam juntos no dia seguinte? Claro, e Nina não conteve o sorriso largo, enquanto mastigava a última raspa de chocolate do doce. O excesso de “experiência concentrada” até a turma percebia, ele continuou, o que desejava saber, no entanto, talvez confirmasse a única sentença imune às tempestades do verão: alguém depois dele lhe jurara não morrer?

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