quarta-feira, 8 de junho de 2011

despertando

"O rapaz continuou a narração: ele compreendeu de imediato a rasteira do destino; ela demorou, demora ainda. As pistas da exclusividade já haviam sido fornecidas, inclusive, em outras ocasiões, algumas nem tão agradáveis. Se um dia ele se casasse, lembrou a famosa frase, se um dia abraçasse aquele ato impraticável, e riu, seria apenas com ela, Nina – e ele sabia desde menino. Se alguém ainda pudesse arrancá-la daquela dor e daquele peso, só podia ser ele, Tom - e ela ainda custava a aceitar a oferta. Mesmo tendo dinamitado o futuro duvidando dos antigos acertos do amor, e acreditando naquela sucessão de erros fantasiados de poesia, ainda assim a vida esticara o pé e pimba. Mais maduros, jamais repetiriam o mesmo erro. Porque a vida sempre seria maior, superior a todas as falsas razões; porque o tempo trabalha a favor dos fortes, os raros que torcem e vibram e lutam de verdade, os únicos capazes de desprezar as miudezas, donos de almas que transbordam. Já pisavam a primeira primavera só de margaridas. E logo reduziriam, enfim, aquela penca de achismos, dela e dele, a minúsculos vermes rastejando diante do resto gigante. O resto gigante, maravilhoso, estapafúrdio; o supérfluo indispensável. Porque tentar minar aquele amor era uma luta de formigas e elefantes, e eles eram os elefantes. Porque, pela primeira vez, ele não tinha mais medo algum da esperança. Porque ninguém, absolutamente ninguém, atravessa sete anos, onze meses e 23 dias com uma dor no coração sem procurar a cura no lugar certo."


(velhas letrinhas em...)

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