terça-feira, 1 de março de 2011

a arte da vida

"Afinal, o que há de errado com a felicidade?"

Lições do contemporâneo:

"A característica quase universal da vida moderna: a tensão perpétua entre dois valores, segurança e liberdade, igualmente cobiçados e indispensáveis a uma vida feliz - mas, que pena, assustadoramente difíceis de conciliar e usufruir em conjunto".

"Parece que hoje, embora ainda se possa sonhar em descrever antecipadamente um cenário para toda a vida, e mesmo trabalhar arduamente para transformar esse sonho em realidade, apegar-se a qualquer cenário, mesmo ao do seu próprio sonho, é assunto arriscado e pode mostrar-se suicida".

"Há uma perturbadora carência de pontos de orientação firmes e fidedignos, assim como de guias confiáveis. Essa carência coincide (de modo paradoxal, mas absolutamente não acidental) com uma proliferação inédita de sugestões tentadoras e ofertas de orientação atraentes, com uma onda sempre crescente de manuais e hordas cada vez mais amplas de consultores - tornando, contudo, ainda mais confusa a tarefa de atravessar a mata densa de proposições equivocadas ou simplesmente falsas para encontrar uma orientação capaz de realizar sua promessa".

Sussurros tão modernos do passado:

"Eu ando entre essas pessoas e mantenho os olhos abertos... Elas me bicam porque lhes digo: 'Para as pessoas pequenas são necessárias pequenas virtudes - e porque é difícil para mim entender que as pessoas pequenas são necessárias!'
Eu ando entre essas pessoas e mantenho os olhos abertos: elas ficam menores e estão ficando menores ainda: e a causa é sua doutrina da felicidade e da virtude...
Fundamentalmente, desejam uma coisa acima de tudo: que ninguém venha a lhes fazer mal. Assim tiram vantagem de todos e fazem bem a todos.
Isso, porém, é covardia: embora seja chamado de 'virtude'.
São espertos, suas virtudes têm dedos espertos, mas não têm pulsos, seus dedos não sabem entrelaçar-se em pulsos...
Isso, porém, é mediocridade: embora seja chamado de moderação.
Vocês ficarão cada vez menores, pessoas pequenas! Vocês vão esfarelar, pessoas seguras! Vocês ainda perecerão - por suas muitas pequenas virtudes, por suas muitas pequenas omissões, por suas muitas pequenas submissões".

Ecos de Zaratustra, o super-herói de Nietzsche, ele próprio o super-herói da pós-modernidade. Ecos de Zygmunt Bauman, o filósofo polonês que questiona a legitimidade dos horizontes de felicidade no mundo líquido. Se a liberdade de autocriação permanece irrealizada, simulacro ainda, em meio às sugestões do excesso, o segredo parece simples: "Entre a aceitação resignada e a decisão corajosa de desafiar a força das circunstâncias coloca-se o caráter".
Honra, em última instância.
Tudo isso e muito mais está em A arte da vida: consolo para os fortes, vitamina para os fracos.

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