quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

a lição de pandora

tentou listar a coleção de males na madrugada anterior: desastres permanentes, delírios imperdoáveis, pressões impraticáveis, miseráveis opções. a dor da (possível) negativa seria sempre mais forte. caminhava sobre espinhos, com as mãos cheias de pedras. desfiava o novelo do destino, morto de medo dos abismos. fins sem finalidade, escudos sem flechas: o infortúnio citado pelo médico do romance americano. "o que diria, depois dos erros todos?". como reagem os exagerados diante dos freios necessários? inacreditável o tamanho do mundo após aquele imprevisto: resto, caco, quase nada. vivia algo impossível no seco, exigente de segredos e promessas, imperativo em falhas e dores, quase insuportável de tão demolidor. já não conseguia cantar. nem escrever. mal podia encarar os outros todos. era impossível sair de si. o engasgo, porém, ainda permitia uma sentença: "acredito, acreditamos". mesmo que tudo pareça maculado, manchado, desbotado. à revelia do rosário de tristezas. ou, na versão dela, rezada entre sussurros e lágrimas já secas: "continuamos, seguimos, vivemos". com a benção da coragem. se intensidade é combustível de gigantes, esperança é a virtude de quem ama com vontade. aprenderam.

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