domingo, 19 de abril de 2009

Transformações, trânsitos, travessias.

Ontem uma borboleta amarela desafiou algumas leis ancestrais da natureza para se enfiar num quarto iluminado aqui de casa. Pousou imediatamente no meu ombro e ali ficou, por alguns segundos. Conversei, argumentei, expliquei, nada: ela permanecia paradinha, me desafiando. Depois de muita insistência, rodopiou entre as paredes cor de palha, ignorando as janelas abertas. Em poucos instantes, voltou para o meu ombro direito. Ficou horas assim. Quando enfim aceitou meu convite para abandonar o quartinho, pousou do lado de fora do vidro, decidida a me encarar com mais firmeza. À meia-noite ela ainda não tinha partido.

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Gosto de borboletas desde criança, sobretudo as amarelas, símbolo clássico de properidade, saúde e transformação. Sou bastante desconfiada com as mudanças, também desde criança, quando elas geralmente traziam despedidas e interrupções. Depois que a coisa acontece, e a roda gira, é fácil: adaptação ou desespero. Como jamais cogitei a segunda hipótese, nunca tive alternativa. Antes, porém, quando a indefinição ainda nubla os olhos, é um tormento. Imagino milhões de possibilidades, todas incapazes de trazer um mínimo alento. Sempre sigo adiante.

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Pois depois de um ano, redondinho, abandonei a Associação dos Magistrados Catarinenses, meu primeiro trabalho de carteira assinada pós-academia. Antes eu era doutoranda, pesquisadora, obcecada, professora, atrapalhada e quase nada de jornalista. Quando sentei naquela mesinha pela primeira vez, sabia que não ultrapassaria o limite de um ano, no máximo. Um ano permaneci - claro que a ilusão de "cumprir metas", outro vício de infância, ajuda a revestir as mudanças de certa permanência. A partir desta semana, sou editora-chefe de uma revista teen, a Its, mensal e com tiragem de 40 mil exemplares. Nada poderia parecer mais aconchegante neste momento. Mais bacana ainda foi ter sido indicada por alguém que sempre admirei, pelos textos bem escritos e pelas escolhas nada óbvias.

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Vida que segue.

6 comentários:

  1. Uma vez um gaviãozinho pousou na cabeça do meu pai. Tudo mudou. E tudo teria mudado, mesmo sem o gavião, claro ;) Boa sorte no novo desafio.

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  2. tive um filhotinho de curreca em baixo do monitorzão de tubo, bem quentinho, por uma noite. ficou num caixinha, ninho improvisado. ao amanhecer o jardineiro chegou e me disse pra colocá-lo lá na árvore (o achei no chão perto dela). não deu nem dois minutinhos e a mamãe curreca dei um chamado. o filhote respondeu...se encontraram, voaram e sumiram nos arbustos perto do muro.

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  3. a encantadora de abelhas e, agora, de borboletas!

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  4. Diz a lenda que borboletas coloridas trazem boas noticias... sempre!

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  5. Parabens pela conquista :)
    Tambem adoro borboletas - e o que elas trazem.

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  6. parabéns..
    agora eu já sei o começo da novidade.

    e sobre borboletas, eu sou suspeita, porque eu sou enlouquecida por elas...

    beijos

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