PPS: Bem-vindo, Antônio! Que seja doce a sua história.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
letrinhas
PPS: Bem-vindo, Antônio! Que seja doce a sua história.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Um brinde (sem álcool)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010
drops
:: As pessoas suportam cotas diferentes de felicidade e dor. Existe uma zona de conforto, e ela é diferente para cada um. Acreditar que excesso de felicidade constrói mais felicidade é uma falácia. Ingenuidade, na melhor das hipóteses. Se excesso de tristeza é depressão, felicidade em demasia é desespero.
:: Até conhecer Lívia eu era um homem de beiradas. Jamais ultrapassava a fronteira, jamais permiti que qualquer coisa ou pessoa se tornasse fundamental. Eis o ponto: até ser apresentado ao seu andar felino, insuportável de tão perfeito, eu não conhecia a necessidade.
:: - O que você faz aqui? - Valentina perguntou, sem esconder o estranhamento.
- Eu espero.
Algo se adensa no silêncio.
- Espera o quê?
Depois do suspiro, uma confissão:
- Me espero.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
velhas letrinhas

- Eu te quis demais àquela noite.
Frederico apenas sorriu, os olhos quase fechados. Há meses aguardava qualquer confissão sobre a sua madrugada mais frustrada. Se nunca acreditou tanto no futuro quanto naquelas quatro horas espremidas entre vícios da rotina, jamais alcançara o mal da manhã seguinte. "Nossas glórias serão sempre ingratas" - ela ainda sugeriu, na despedida, taça de vinho tinto na mão. A inviabilidade do enredo, as promessas fajutas trocadas em mesas de bar, o olhar trêmulo de pavor, a mistura da maior dor à grande benção, tudo aquilo partiu-o. Partiu-o em tantos que se escondia no hotel desde então: encontrara fantasmas demais perambulando nas ruas. A solução, supostamente temporária, já devorara alguns anos de sua vida. Do momento que escondeu as alianças no bolso até aquela nova infração, jamais ultrapassara os portões de entrada para o lado de lá, o lado do mundo, o lado da vida, o lado de Lívia. Fazia 2 anos, 3 meses e 23 dias, e ele jamais se perdeu nas contas. Desnorteado desde o inesperado telefonema, após alguns ensaios infrutíferos em frente ao espelho, conseguiu responder, ainda rouco de surpresa:
- Eu também te quis demais àquela noite.
Olharam-se num silêncio quente e úmido. Ele espiou os arredores, resignado com os esqueletos do armário. Por mais sujas que estivessem suas mãos, sempre soube que reencontraria aquela voz. Ela voltou à dor, à perda, às negativas. Gostaria de reescrever os princípios todos, mas talvez não houvesse mais tempo. Parecia sempre tarde para os imprescindíveis. Quis chorar pela fraqueza, pela recusa, pelo medo. Encarou Frederico, que sorria um sorriso de compreensão. Ele entendia, de fato. Não sabia exatamente o quê, nem como, mas entendia. Compreendia o fracasso e a dúvida, os passos apressados e a imaturidade irresponsável, a fuga melodramática pela porta dos fundos e os olhos sempre borrados de rímel. Afastando qualquer desespero, recorreu à lembrança salvadora: jamais outra oferta alcançara aquela dimensão. Espanou os pós todos, do coração aos saltos, da cabeça fervilhando, da vida equilibrista. Encerrou a questão:
- E ainda não amanheceu para mim.
(livro de gaveta)
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Diretoria *

O terceiro sempre alimentou uma perigosa mistura de autocomplacência e irrestrito desprezo pela humanidade. Após anos fora da província, voltou ainda mais, digamos, peculiar. Sábio como uma entidade budista, dotado de certa mediunidade ingrata, antecipa desfechos, prevê situações, anuncia desastres catastróficos - sempre com o mesmo tom de voz. Quase nunca é ouvido. Protesta esbravejando contra o repertório alheio, do alto de sua montanha indie. "É porque eu sou de aquário, babe". Dado a surtos esporádicos, desaparece de vez em quando, sem rastros. Quase sempre incomoda mais do que conforta. Por tudo isso, e tantos mais, nasceu para rei.
Da ala feminina, ela é a mais doce. Transforma os problemas de todos, dos banais aos grandiosos, em enxaqueca ou pesadelos repetitivos, geralmente envolvendo janelas. Ouve calada as histórias mais cabulosas; palpita pouco e compreende tudo. Parceira em games enjoativos, mania antiga das moças, está sempre presente, mesmo quando duplica a carga horária no consultório. Gosta de bichos e conversas esticadas, descobre canções fofinhas que escuta até cansar, lê Fitzgerald na esteira da academia, cria apelidos constrangedores dos quais não consegue se desvencilhar depois. Adepta do macrovita até debaixo d'água.
A outra integrante atravessa profunda transformação, dadas as preferências líquidas da diretoria: trocou as taças de vinho pelo suco de limão, ao descobrir que esperava o primeiro bebezinho. Para compensar o radicalismo necessário, aplicou negrito em várias qualidades. Extremada defensora dos amigos, mesmo quando os encontra nas situações mais desconfortáveis, luta com unhas e dentes contra todos que agridem seus eleitos. É tão parceira que perdoa sem titubear, defende sem pedir explicações, ri e sofre sem saber por quê. Já foi loira, ruiva, morena e cantora. Hoje coleciona histórias bizarras e pede fraldas tamanho M ou G.
A terceira integrante alcançou a façanha suprema: COCHILAR em meio às seletas reuniões festivas. A naturalidade com que os olhos se fecharam em pleno sofá foi tão assustadora que constrangeu até mesmo os defensores do afastamento. Acabaram por concordar, em uníssono: tal desfaçatez merecia respeito, jamais reprimendas. A dona da improvável dormidinha é toda assim: desligada, trapalhona, péssima para números. Em compensação, é autora dos conselhos mais malucos, das histórias (de amor) mais compridas e das madrugadas mais divertidas. Quando alcança o milagre de ultrapassar a meia-noite, é claro.
A última, criadora do conceito "diretoria", mentora da idéia de reunir a turma sob o peso da responsabilidade do título, atrapalha-se um bocado. Tudo é meio over ali: caminha, atropela, ama, arranha. Tem um irmão de fé e outra de infância. Já precisou pedir perdão, e chorou ao receber um abraço apertado de volta. Já precisou partir algumas vezes, mas conseguiu seguir adiante sem olhar pra trás. Graças, sempre, às mãos que encontrou estendidas. Assim como o Nelsão, reconhece que o amigo é um momento de eternidade.
Erram aos borbotões, quase todos os dias, como todo mundo. Acertam também, compartilhando vitórias e felicidades. São velhos amigos de infância, embora dois ou três tenham se encontrado depois dos vinte. Mesmo com motivos de sobra para preocupação - pais, filhos, casa, emprego, dinheiro - confortam-se com a presença inequívoca. Brigam entre si, também quase todos os dias. Mas abandonam qualquer rusga ou arrufo para zelar pela potência da instituição. Alguns adivinham madrugadas escuras, oferecendo telefonemas salvadores. Outros só sorriem, em silêncio.
* A você, irmão, irmão, irmão, meu xodó, meu mais.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Vicky, Cristina, Barcelona.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
de volta.
votos de amor e sossego.
votos de perdão, saúde e prosperidade.
que a vida seja doce conosco.