quinta-feira, 26 de novembro de 2009

sem engano*

Acordou na companhia daquela velha e ambígua frase: "Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo". Não estava de ressaca, nem recorrera aos milagrosos remedinhos para chamar o sono. Muito pelo contrário: embalada pelas promessas recentes, escondidas em caixas com chaves, adormecera enquanto desenhava o reveillon. Um esboço possível, ainda, apenas. Mesmo assim, já conseguira enfiar começo, meio e fim na cena que encerraria seu ano mais desmontado. Vestiria branco, e ofertaria flores aos santos, e pularia sete ondas, e prepararia lentilhas e sobremesas geladas, e brincaria de adivinhar canções e cálices. Estaria num lugar distante, rodeada de desconhecidos e palavras estrangeiras, sozinha entre sonhos desfeitos, feliz com as promessas recentes, já não mais encaixotadas. Grécia, incógnita total? Rio de Janeiro, entre gringos de Copacabana? Não sabia direito, mas haveria praia, e sal, e areia nos pés descalços. Assustou-se com o cruel talento para virar a mesa e sair pelos fundos. Como cogitava virar o ano de forma oposta aos desejos da primavera? Despertou triste com os (novos) buracos da alma. Não queria começar a priorizar a felicidade.

* "quando a gente conversa, contando casos, besteiras / tanta coisa em comum / deixando escapar segredos (...)"

** pro Diego, jornalista desde ontem, que ama essa música.

2 comentários:

  1. Olá Jade, meu nome é Káritha Macedo e sou bolsista da professora Mara Rúbia Sant´Anna, temos aqui um certificado de que você participou como palestrante no Espaço Debate sobre Literatura e Teatro no Ceart. Gostaria de solicitar que você nos desse seu endereço para lhe enviarmos o certificado ou passar aqui pelo ceart, sala 23 ou 35 para pegá-lo. Meu e-mail modaesociedade@gmail.com. Desculpe o meio, mas não tínhamos seu contato.

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  2. Obrigado hoje e sempre para amiga, mestre, musa inspiradora, companheira de todas boas e más horas... TE AMO!
    Diego Lehmkuhl

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