quarta-feira, 30 de setembro de 2009

30 de setembro

É pra ser só alegria. Mas o luto fechado sempre ronda as escolhas mais difíceis. Uma promessa cantada, discursos em mesas de canto, fantasias inacessíveis, lembranças de roubos e horrores, talvez uma taça de vinho para acompanhar. Futuro demais para caber numa única taça. Desejo, sonho, neblina. Velha canção de ninar. O vestido floral balançando sob as árvores, um tantinho maior do que deveria. São os quilos a menos, são as dores a mais. Trinta dias inéditos, impossíveis até então. A vida sempre fez com que recuassem antes. Conseguiram enfim, mas conseguiram o quê? Sonhos, imagens, confissões - tudo girando já no primeiro abraço. O sorriso escapando, sem graça, brilhante, ansioso pela presença. Basta olhar, admirar de longe, reconhecer respirando o mesmo ar. Basta. Ninguém diz nada - por onde começar? Aquele banco desengonçado, entre carros atropelando a rotina, numa esquina que rima com encruzilhada. As últimas tantas horas alheias ao enredo principal, livres do peso óbvio e da felicidade inexplicável, da cumplicidade exclusiva e dos tormentos mais íntimos. Mas quem pediu paz? Olhares que se cruzam, aquele sorriso imenso que se abre. Sem dúvidas, sem angústias, sem faltas. Apenas aquela totalizante e suave saudade. Nenhum deles precisa falar. Está tudo ali, como sempre esteve. E morrerão, para sempre, os intervalos.

4 comentários:

  1. é o último dia de setembro. mas não é o último setembro do mundo... ainda =D

    estilosão teu texto

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  2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  3. Olá! Sou advogada em Santa Catarina, mais precisamente no oeste, na cidade de Xanxerê. Encontrei seu blog por acaso, numa das infiniitas andanças por aí!
    Parabéns! Seus textos são delicados, fortes e, claro, bem redigidos.
    Um abraço! :)

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  4. lindo teu texto, tuas palavras, teu olhar.

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